O dia que morri foi estranho. Não aconteceu nada de mais. Sei lá, sempre achei que seria o tipo de pessoa cuja morte abalaria muita gente. Mas não. Não foi isso que aconteceu. Alguns dizem ser um dia especial. Para mim não foi. Se eu soubesse ou pelo menos desconfiasse da morte teria feito algo diferente? Não sei. E é isso o que mata. Mórbido não?
Vamos lá. Você acorda, toma o típico café-da-manhã, veste aquela roupa ordinária e vai trabalhar. Descobre que uma rua mudou de mão e que, por isso, tem que desviar da tradicional rotina. Ao chegar a sua sala lembra que se esquecera de terminar um relatório chato, inclusive, relatório este que será apresentado daqui a 10 minutos para seu chefe, junto à diretoria.
Como alguém que se importa, você faz questão de terminar e ainda revisar o texto a tempo da reunião. Chega cheio de si, mais uma vez, acreditando na possibilidade de estreitamento profissional com a diretoria. Será que hoje serei reconhecido? Pensa. Mas o que ainda prevalece é ser somente alguém na obrigação de sua função. Sai da sala correndo para atender um cliente do outro lado da cidade. Esforço que não é compensado, pois o peixe grelhado é sem graça e sem sal e a conversa não leva ao fechamento do negócio.
Ao voltar, não repara nas cores da estação, nem nas crianças risonhas da rua. Não percebe que pode ser o último sinal vermelho da sua vida, não comemora a vaga fácil perto do trabalho. Não toma o sorvete que desejava na lanchonete da esquina e entra novamente em sua sala. Conversa com alguns colegas do trabalho e recebe a ligação da sua mãe, única pessoa que parece se preocupar com você.
Até aí tudo bem. Não pensava que seria minha última hora. Entre o céu e a terra parecia existir mistérios inimagináveis e a impressão de que havia algo reservado para mim. Nada disso. Exatamente às 14:06 morri. De que? Não sei, não me lembro. Só sei que foi assim. Um momento estava vivo, no outro senti um vazio tão grande, um silencio tão ensurdecedor que sabia estar neste estágio: do morto. Não saber o dia da minha morte me levou a viver esperando o dia em que seria alguém para aí sim morrer. Agora estou no nada. E como isso é eterno!
Legal hein Poli!!Continue postando e divulgando, o texto está bacana e muito bom de se ler...
ResponderExcluirQuem sabe em breve não veremos um livro seu sendo lançado mundialmente hein??
Torço por você!
Abraços e beijos,
De sua irmã que te ama, Priscila
Parabens Poli, Legal o Texto...Profundo!
ResponderExcluirVinícius Mayrink
Parabéns Poli ! Além de MBA , Office 2010 e ingles , voce ainda escreve !!!!!! E Bem!! :-) Amei o texto ...profundo... Suceso amiga ! Visitarei sempre..Bjks.
ResponderExcluirPoli, parece conto da Clarisse Lispector!!! Pra quem dizia que não era mt boa com o português, ficou ótimo! Não só a forma, mas principalmente o conteúdo! Vai em frente! Bjs!
ResponderExcluirobrigada pessoal! será um prazer dividir minhas ideias com vocês. Continuem acompanhando, cada semana será um texto!
ResponderExcluirPoli.. Maneirássoo... Curti!!!
ResponderExcluirigual o pessoal falou ali.. profundo.. me lembra clarisse..ahuhua.. só que, claro, num contexto pós-moderno!!! auhuhahua huahuahu
Bjs Poli!!!Qdo tiver um tempim, entra no msn pra gnt ver a parada do patrocinio.. dá certo.. huauha
Posso dar uma sugestão de tema? A passividade do brasileiro, de todos nós, no que diz respeito à política. Todo mundo reclama, mas não faz nada, e acha que não pode fazer nada, para mudar esses maus hábitos incrustados na política do país. Exemplo? Sarney reeleito para presidente do Senado. O que podemos fazer? Ir lá manifestar em Brasília? Talvez. Mandar uma carta ao presidente (como vc já fez)? Também. Mas cobrar dos candidatos que elegemos explicações, fiscalizá-los e exigir que fiscalizem os demais já é uma grande coisa. Se todos fizerem isso, as coisas começam a mudar.
ResponderExcluirsugestões aceitas! o jeitinho brasileiro e a nossa política dão um prato cheio... valeu!
ResponderExcluirnum contexto pós-moderno!
ResponderExcluirhuauhahua
Adorei!!! Muito bem feito e interessante... achei muito legal mesmo!! Ñ fazia ideia q vc escrevia tão bem Poli!!!
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