terça-feira, 29 de março de 2011

velha Infância

Era o trio das meninas irmãs. Aquela história de uma não largar a outra. A mãe trabalhava fora e aí o mundo era só delas. A casa era simples, mas não menos confortável e recebia muito bem a família. Na frente da casa, um enorme quintal onde a bola corria solta, o carro ficava estacionado e os primos se encontravam. A gangorra não se sentia vazia. Quem quisesse se entregar as magias do quintal dava uns passos mais à frente da casa, aos mais quietos e receosos, bastava sentar-se na varanda e espiar sua terra marrom e molhada.

O almoço se dava exatamente com o término da aula. Os passos indicavam a fome e quase sempre as irmãs voltavam apressadas da escola. Na esquina perto de casa o cheiro do tutu era inegável e logo causava a indagação: hoje é suco ou sobremesa?

Todos se punham a mesa. O pai, com o uniforme azul da fábrica, a mãe, ansiosa e preocupada em sua dupla função, e as meninas sempre combinando, seja na fome, na roupa ou nas birras. E todos comiam o verde, o preto, o branco e “ai ai ai” o pai dizia se sobrasse algo no prato.


Costumava dizer que quando crescesse iria fazer o que queria. Realmente não sabia o que dizia. Foi na infância, naquela casa e com o trio o tempo onde eu era o que queria e reinventava o que se era, na lúdica maravilha que é ser criança.

4 comentários:

  1. Muito bom o texto Popô.. lembrei dos dias que eu vinha correndo da aula também, numa fome bruta.. rsrs
    Além de várias outras cenas.. Muito bom o texto viu, vc conseguiu me fazer imaginar a cena aqui..

    um bjo!

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  2. Ai que gostoso!! Fiquei imaginando todas essas cenas... legal o texto, Poli!

    Beijos! Elisa (Lorão)

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Adoro momentos nostálgicos! Nem preciso falar dos seus textos, estão excelentes. Vou sempre acompaanhar...Bjo Bunita!

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